Baco entre todos

domingo, 23 de janeiro de 2011

Desabafo do poeta

O mês de Janeiro veio com tudo em minha vida. Entrega de projetos, novos caminhos em direção as constelações, Curso de Férias 2011 de dança... Enfim, o ano começo e já tenho um turbilhão de pensamentos avulsos.
Talvez o que mais tem ficado em mim ultimamente, é se realmente aqueles que dizem possuir maior sabedoria em determinadas áreas da vida, repassa esse conhecimento as nNovas Gaivotas, ou se fazem como os velhos do Conselho, expulsando os que vão além de suas asas.
Até que ponto as pessoas deixam sua área de conforto e acolhem os novos aprendizes?
E até que ponto os novos caminhantes deixam de lado seu ego para aceitar conselhos daqueles que percoreram caminhos por vezes recheado de pedras?
Desabafo do poeta


Do mundo surreal
Direto à arte sensível!
Em tão pouco tempo
Saltei em meio à linha do espaço.
Saltei tão grandiosamente,
Que pousei um passo ao lado!

Permiti que a minha sensibilidade
Ultrapassasse barreiras e gerações!
Mas será que ainda permito?
Ou ainda conseguirei seguir assim?
Enquanto ouço vários aplausos,
Sinto milhões de olhares nefastos!
Singelos, porem, nefastos.

Olhares que não se permitem.
Quem são eles?
Mercúrios enviados por Júpiter?
Mefistófeles encarnado?
Ou serão faces minhas que vejo diante do espelho?

Vejo o quão sistemático e enquadrado se tornaram!
Chega a ser horrendo tal visão.
Seres que deveriam
(por profissão)
Amar suas páreas incondicionalmente!
Tratam-nos com desprezo, preconceito.
Seres cristalizados em épocas restritas
E valores egoístas!

Se salva um ou outro,
Mas e o resto?
Como conseguem criar
E ao mesmo tempo seres Destruidores?
Eles se fecham em círculos.
Círculos de simetria perfeita, intacta.
Olham apenas para dentro,
Não atrevem-se a observar o horizonte.
Para onde caminham?
Será que um dia conseguiremos admirar a outra face?

Nem sinto mais desprezo,
Apenas sinto!
E é tão infame,
Que nem sei o que é!
São capazes de descrever com maestria
O bailar de uma singela borboleta.
Porem, jamais tentam fazer o mesmo com aqueles que estão foram do circulo.
É estranho!

Amam... Mas condenam os diferentes... Os de fora...
Escrevem... Mas distorcem as semelhanças...
A única dádiva que temos é de viver!
Então para que se fechar?
Negar o ombro experiente?

Entreguemo-nos a loucura.
Ao gozo de viver de paixão.
Seja pelo que for.
Apenas devemos ao menos tentar.

Aos poucos,
Irão perecer um a um.
E a quem eles iram ceder o lugar,
Se não aos loucos de hoje?
Loucos que vivem fazendo valer à pena.

Mas não entenda louco
Como critica ou depravação.
Muito pelo contrario!
Os loucos na verdade
São os que mais tem sanidade!
Amam, vivem, odeiam,
Mas são eles mesmos, são sinceros, sem mascaras...
Do jeito deles...
Não se predem ao simples material.

Prefiro os loucos, aos normais.
Não são marionetes inorgânicas.
São apenas humanos.
Entregues a arte de viver.
Vivem, amam, vivem...
Mesmo que os prendam, ou os matem.
Eles vivem!
Fora de círculos, livres de autodegradação.

Será que um dia eles acordarão?
Ou eu que acabe como eles?
Tenho medo de tal pesadelo.
De tal perdição.

O manto da Razão tenta impiedosamente
Lançar-se sobre mim.
Mas os ventos que trazem a nudez de Vênus,
Exerce maior fascínio.
Que delicioso vento a loucura proporciona.

Vinicius Cassiolato

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Alguns Rabiscos particulares

(Mas antes, uma frase que ouvi, ou melhor, li, acho que vale a pena pensar, nem que seja um pouco nisso....)


"se nao existir os dois lados, vc nao aprende a diferença e nao evolui"
Gregory Canetta
Um pensamento de alguém solitário na noite, que assim como vários, se cala pois NINGUEM TEM O COSTUME DE OUVIR O QUE INCOMODA....

Pra vocês, fica aqui alguns Rabiscos Particulares...




Sou de todo essência...










de todo poesia...




de todo teatro...


de todo rabiscos...





















quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Lamento

Apesar de postar aqui a pouco tempo, venho escrevendo a alguns anos já.
Confesso que é um dos maiores prazeres que sinto, mais que cigarros, alcool, beirando a orgasmos celestiais. 
Confesso aqui também, que não sou o tipo de escritor aclamado por todos e de fácil absorção, muito menos daqueles que escrevem romances "água com açucar". 
Quando conclui um poema, um fragmento meu, fico horas imaginando quem lerá, o que sentiram, o quanto perto de mim todos estarão. Isso é um pouco de louca, porem cabe encaixa-lo no grau de diferente.
Tudo que espero na verdade não é ser um "grande" escritor aclamado pela crítica ou ainda com "Milhões de livros vendidos", quero apenas levar até você um pouco do que eu sei, do que vejo, quem sabe, usando palavras para mudar sua vida.






Lamento
"Vamos celebrar o
voto dos analfabetos"


Algumas pessoas tem receio,
Um medo constante, infindável
De simplesmente ler o que escrevo...
Chega a ser engraçado
(Mas em meu íntimo,
sei que isso chama-se incômodo)

Enquanto outros
Se utilizam de várias maneiras
Tentando falar o que sentem
(ou por vezes sem dizer nada)
Me valho da palavra.

Me utilizo dela,
Abuso de sua essência
Descrevo o que vejo,
o que sinto, o que mentalizo!

Talvez para mudar a sua vida...

Por vezes - confesso que a maioria
Ouso falar de tudo
das cidades enlouquecidas,
de seres falando sozinhos nas ruas,
de almas abandonas ou ainda mutiladas.

Isso incomoda...

Te peço perdão...
Jogo na tua face
Toda a verdade dessa Realidade
E nem se quer me dou o trabalho de te conhecer!

Prazer, eu existo.
E sim, peco também,
assim como você.
Fumo, bebo,
Participo de sistemas eloquêntes.
Assim como você.

Gostaria apenas de te mostrar
O que vejo nesse tornado.
Uma cidade lotada
Porem vázia de seres humanos.
Corpos correndo para não chegar atrasado
Mesmo que para isso, neguem a convivência
(com família, filhos, amigos)
Mesmo que deixem seus filhos
Não acompanhando seu desenvolvimento robótico!

Gostaria de te alertar
sobre os maus tratos
sobre o que vivemos
sobre o que você ouve...

Pela quantidade de linhas
Penso que muitos já me desacreditam!

Mesmo rodeado de amigos
Me sinto só.
Solitário em fase de obscuridão.
Um soldado lutando sozinho
enquanto o campo está envermelhado.

Minhas lágrimas de nada vale para você,
Eu sei, se acalme.
As vezes, nem minha dor,
dor do parto, da partida.

O tempo está fechado
Logo a chuva vem.
- Uma chuva de lama
Entende?

Eu não!
O que são valores?
Moralidade ou ética?
não... não entendo...

Falam de valores humanos
Enquanto poucos se saciam
E vários pedem esmolas!

Explicam sobre moralidade
Enquanto iniciam guerras
Mesmo desintegrando estados inteiros
Entre pestes, fome e alienação!

Traduzem a Ética
Mesmo que dela nao se utilizem...

Como pode fazer valer um
e o outro meramente não existe?

Quer tentar algo?
Silencie teu corpo,
Pare um segundo,
Feche e abra os olhos,
o que vê?

Pessoas ou automatos desenfreados?
Crianças ou futuras mãos-de-obra?
Pensamentos ou repetições infinitas?

...

Tal pedido foi ignorado,
Você não irá fazer isso não é...
Tudo bem,
já é muito esperar que me leia até aqui.

...

Marcas, Modelos, Carros, óculos, Roupas,
Tudo é criado de tal modo
que você não enxergue,
De modo que não enlouqueça...

Assim como enlouqueci...

Tudo bem
Fique em paz

Deguste de tua cerveja
Ligue tua televisão
abra a boca e engula tudo
Desse modo
Poderá morrer e descançar em Paz
com a consciência trânquila
sem ter deixado rastros
nem pensamento...



Vinicius Cassiolato
7-1-11

sábado, 1 de janeiro de 2011

UM NOVO CICLO...





Primeiro dia do ano, primeiro olhar para a vida, primeiro brinde a alma humana...

Mais um ciclo se inicia, trazendo em si malas, cuecas, dores e lástimas... Um ciclo que por si só já significa um novo recomeço, um continuo de dor constante, um refazer dentro da eternidade e a cada instante!

Brindemos à Baco, brindemos para que a intuição seja novamente o regente da mente humana! Brindemos para que a razão fique um pouco de lado... Brindemos ao governante da plenitude... Ergamos a mão, levantando a taça cheia em homenagem à aquele que é o primeiro a festejar... Ergamos nossas taças implorando a verdadeira face do Ser humano... Peçamos alma ao Ser Humano... ao Homo Sapiens Sapiens...

O ano que adentro nossos lares deve ser rechado de humano, demasiado humano... A guerra, a falta de respeito alheio e o frio das profundezas maléficas devem ser deixado um pouco para tráz...
Mas não se iluda, a dor, a perda, a lição ainda virá, continuaremos a aprender... A vida... aprendendo a viver.,.. talvez o homem finalmetne encontre nesse ciclo um caminho que ele reconheça seu, e não um ciclo rechado e entupido de capitalismos e de frases: " A vida é assim, tem que trabalhar mais para enriquecer mais..." ou ainda " A vida é assim mesmo, muitos miseráveis, outros morrendo, outras mais ainda comprando exageradamente"... O que é a vida afinal ? o que é o Homem...?

Desejo aqui, que nesse ciclo de 2011, você que me lê, e quem sabe a humanidade, alcance o verdadeiro sabor da vida. Que olhem para si mesmo, entrem em uma viajem interior, estar sozinho como estava em criança, que finalmente enxerguem todos como seres humanos, e não como objetos inanimados.

Que a alma humana produza obras que dizem alguma coisa sobre a vida, o universo, o sistema... Que o olhar dos observadores busquem algo que os fazem pensar e não apenas rir e ir pra casa trabalhar...
Para iniciar esse momento, deixo para vocês um texto sobre exilados, excluidos, esquecidos por vocês...

 
 
Queria voltar a ser criança
 
 
 
Fadiga, exaustão!
Estradas, injustiças!
Sou apenas um mortal.
Abandonado, mas ainda assim
um Mortal!

O dia suga as minhas forças....
Porem, ele ja está indo embora.
Está dando lugar à mão noturna!
Hoje, a batalha esta chegando ao fim.
Mas agora o que preciso achar algo...
Algo...
Para comer, dormir, viver...
Terminou mais uma batalha,
E se inicia a mais difícil de todas.
Encontrar alguma praça
Encontrar alguma alma bondosa
Rezar para permanecer vivo
Transformar algum banco de praça
em um lugar acolhedor...
Já cansei de chorar,
Já desisti de ter esperanças,
Já não lembro-me que sou humano!
Dia-após-Dia buscando ajuda,
Lutando para manter-me em pé,
Vivendo apagado da sociedade.
Em uma sociedade que ajudei a construir...
Sou um perdido na casa do individualismo,
Submetido à margem sombreada,
Impedido de caminhar!
A noite mal começou
e ja iniciou o massacre!
O medo já pertence à essa hora!
Medo de dormir
Medo da burguesia
Medo dos "poliça"
Medo dos play-boy
Medo de não abrir os olhos
Medo de Receber Ajuda...
Temores... Tremores...
Sou invisível aos alheios,
Vagabundo aos milhares.
Sou o perdido para os salvos,
O drogado para os sãos!
Sou o esquecido...
O indigente para os Dirigentes
O mudo para os surdos
O surdo para os estranhos
O sujo para os descansados.
O esmoleiro para os remunerados.
O coitado para os beatos.
O esfomeado para os fartos...
Sou... O... para...!
O humano para as estrelas!
Sinto falta de minha infância!
Cada esquina era um mundo novo!
Cada ser (cachorro, gato, estranho...) era um novo amigo.
Cada praça era um quarto aconchegante, um parque!
Hoje, cada esquina é um medo
Cada momento é um exílio.
Cada olhar, uma morte...
Quando criança
Corria em busca de um abraço, um colo.
Depois, de tanto correr,
Esqueci o que era família, lar, cama limpa...
O relógio que na igreja marca as horas,
Em meu peito marca mais um lamento!
Por cada casa que passo
Penso se por acaso, se lembram que eu existo...
Se lembram o que é frio, fome, exclusão!
Mas não posso parar!
Podem me prender, espancar.... me matar..
Tenho que continuar,
Estrada após Estrada
Caminho após caminho
Lamento após lamento
Morte após medo...
Me vêem como inexistente
Me olham como vidro
Me estranham como cachorro sarnento
Me estudam como uma flor murcha
Me excluem como e do jeito que sou!
Ao perceberem que me aproximo
Atravessam a Rua da Vaidade
Tentam ser normais
Recolocam os óculos
Engolem seco!
E o que me resta, é apenas dormir
Sonhar com um banho quente.
Lembrar de como eram as preces
Reviver sorrisos acolhedores.
Vagar entre montanhas e universos.
Delirar com comidas simples!
Temer com o acordar
Tremer com o Não acordar!
Queria voltar a ser criança...

Vinicius Cassiolato