Baco entre todos

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Elis Regina na Fasam de Salto


PRESTIGIEM
DIVULGUEM
:D sorrisão
No primeiro domingo de cada mês, a FASAM – Estação Brasil – na nova sede de sua filial em Salto, esta realizando mensalmente com muito sucesso a Feira de Trocas & Economia Solidária, uma ação do Projeto Cultura & Música para Todos os Especiais que compõe a carteira de projetos do Programa Petrobras Desenvolvimento & Cidadania.

Baseada em conceitos solidários e de consumo consciente, a Feira tem contado com a participação da população em geral que durante o período das 10 às 15hs, os participantes pudem realizar as suas trocas.
Computadores, móveis, roupas, sapatos, tênis, brinquedos, verduras, legumes, carrinhos de bebê, bijouterias, cds, dvds, livros, revistas, etc, foram alguns dos produtos que a própria FASAM e os participantes disponibilizaram para trocas. Além de produtos, as pessoas também disponibilizam seus serviços (faxineiras, eletricistas, jardineiros, encanadores, etc), negociando tudo na base do convencimento e das necessidades, suas e dos outros.
Na Feira de Trocas Economia Solidária vale troca direta e troca indireta, privilegiando a criatividade. Apenas não vale circular dinheiro, tendo sendo criada uma moeda social que recebeu o nome de TREM. As pessoas que não querem ou não conseguem realizar as suas trocas de maneira direta, podem se dirigir ao Banco Social (uma sala adaptada para isso) e lá trocarem seus produtos pela moeda social.
Atividades culturais também fazem parte da programação mensal e ajudam a abrilhantar a Feira, estando previsto para a próxima dia 11 de setembro o espetáculo Relatos: Elis Regina, da Cia Exp Tupinambá.
A Feira acontecer todo primeiro domingo de cada mês, sempre no horário das 10 às 15hs. A sede da FASAM Salto Estação Brasil fica à Praça Álvaro Guião, 67/87/167, próx a ponte que vai para o bairro rondom, antes do Sesi-Salto. telefone 4029-2700.

Release do espetáculo:

Relatos: Elis Regina
Cia Experimental Tupinambá
 
Dotada de uma grande força na voz e na interpretação, cresceu para além dos limites do Brasil. Uma estrela explosiva que com sua voz conquistou corações de todas as gerações. Trazemos para vocês um espetáculo único que conta e canta um pouco da vida dessa Doce Pimenta que a 29 anos retornou ao infinito. 

Ficha Técnica
 
Elenco:
Talita Pessoti
Tiago Nastri
Vinícius Cassiolato
 
Direção e Texto:
Vinícius Cassiolato
 
Op. Técnica:
Nicolas Marchi
Bia Molongnoni 

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Estava só, como Prometeu (acorrentado)


Estive desligado do blog por um tempo.
Está tudo tão acelerado, o mundo, as ruas, o trabalho, a faculdade, enfim, minha cabeça gira algumas vezes sem direção. É engraçado como apesar de tanta correria, nada muda.

Fica para você uma das mais antigas:


Estava só, como Prometeu
(acorrentado)


Estava só como Prometeu.
Acorrentado dentro de meu templo.
Morto. Exilado.
Deixei abutres me sugarem!
Já não me recuperava ao anoitecer.
Apenas sentia o tempo passando.
Silencio pela eternidade.

Mas em um pulso fez-me a libertação.
Corri pelo mundo atrás de algo que não sabia o nome.
Enfrentei Hades, trai Hera.
Conheci o Limbo.
Vaguei pelo Purgatório Dantesco.
Fui expelido do Paraíso.
Enfrentei Esfinges, matei Quimeras.
Arranquei meus olhos e enforquei-me.
Deixei que meus filhos me conduzissem até certo ponto.
Conheci Ariadne e Medeia.
Engoli Faustos e degolei Mefistófeles.
Cruzei Estrelas.
Deparei-me com Príncipes e Magos.
Conheci o Mar e seus Mistérios!
Caminhei ao lado de Nietzsche e Dali.
Preenchi o infinito!
E conheceram Magnus!

Para onde iria? O que faria?
Era apenas duvidas e sempre caminhar.
Seguia, e nada mais.
Amei Baco e fui amante de Apolo.
Driblei Oxumare e yansa.
Despojei-me de Deuses e Cristo.
Transei com os Mestres,
E sangrei nas Guerras Santas.
Para onde?
Caminhos, Caminharam...

Percorri vidas e Universos!
Degustei o som de Clara e Piaf.
Fui Poeta, Vagabundo
Um Rei e uma Estrela!
Petrifiquei-me como Akasha,
E deixei o vento balançar-me como as arvores.
Entreguei-me aos Oceanos e naveguei com os Piratas.
Vaguei.
Cai.

Hoje, depois de tanto, entendi...
Minhas férias curam-se.
Sou EU apenas...
Quando olhei em seus olhos.
Decidi que iria ficar!
Permanecerei eternamente nessa vida...
Aqui, agora.
Entendo o passado e minha busca incansável e incompreensiva.
Por ti, somente por ti, para ti.
Suas mãos curaram meus cortes,
Seu olhar ilumina meu ser,
Suas palavras se concretizam em mim, e vice-versa.
Quero que os Leões e Filósofos se destruam.
Só quero ficar ao seu lado.

Deixe que a mãe Terra seja nossa confidente.
Entrego-me a ti como uma estrela aceita a morte.
Entrego-me a ti, somente!
O tanto que viajei, caminhei e toquei.
Para finalmente encontrar-te!
Amar-te.
A poeira que em mim somavasse,
Vai embora com os ventos dos Cantos.
Ouço agora o meu coração novamente ecoando sua música!
Um músculo sem importância emanando vida.
Deixo alegria e dor para o passado!
Ao seu lado amo a vida e os habitantes dela.
Consigo ouvir a canção da vida.
O pulsar da terra!
O lamento dos Deuses por seus irmãos devorados!

Irradia em mim a beleza de teu espírito!
Por onde andaste durante todo esse tempo?
Por que não apareceu antes?
Sentia saudades de seu beijo!

Vinicius Cassiolato

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Bohemia III

Boêmia III

Sinto-me embriagado!
Pisando em nuvens
(Como diria certos filósofos)
Inspirado pelo frio conhecido
Vago madrugadas adentro
Delirando com musicas perdidas!

Permito devaneios intensos,
Lavando minhas mágoas,
Afogando meus sentidos, sentimentos,
Encharcando esses dedos que escrevem.

Abrace meu espírito,
Um pouco de carinho,
Perdido estou na insanidade mundana!
Esquecido de lembrar.
Parido nas circunstâncias da subsistência?
Sei lá! Deixa.
Eu sou livre.

Mas o que faço com essa liberdade?
Sou livre!
Para escolher o emprego?
Sou livre!
Para fingir amar o sexo oposto?
Sou livre!
Para passar um por um os canais de televisão?
Sou livre!
Para comprar o que a moda manda?
Sou livre!
Para engolir leis antiquadas?

Sim, eu sou livre!
Tenho uma vida liberta de repressão.
Tenho minha família.
Tenho meu emprego.
Tenho minha casa.
Tenho meu carro.
Tenho meu celular.
Tenho, tenho, tenho...
Tenho a liberdade de ser consumista.

Possuo o livre-arbítrio de ser igual aos outros.
Possuo o “ter” dogmático da religião.
Tenho meus santos e meus dizimo.
Tenho meu lugar no céu.

Sou livre!
Para ouvir músicas estúpidas,
Para engolir notícias deturpadas,
Para seguir cegamente a moralidade infame...

Ter amigos, ter casamento,
Para ser uma parte do nada,
Para ser enterrado e esquecido,
Para estranhar estranhos,
Para viver, para o trabalho!

Sou livre!
Dentro da servidão comercializada,
Dentro de um sistema censurado,
Dentro da arte do vazio!
Eu, homem, ser humano?

Sou livre!
Para não ter tempo,
Para fazer cursos profissionalizantes,
Para não pensar na vida,
Para prestar vestibular,
Para não falar do tempo,
Para ser morto na esquina!

Entendam, todos vocês,
Eu sou um ser livre!

Para odiar o ser pensante
Para dormir e comer
Para ter conforto e dignidade
Para ser o “Para”...

E você?
Que cruza a esquina!
Que corre para não perder o emprego!
Que finge ter conhecimento!
Que é o que não é!
Que faz o que não gosta!
Que procria insensatamente!
Que cria operários!
Que aspira lixo!
Que consome “malhação”!
Que dorme em lençóis ensangüentados!
Que vira o modelo de beleza!
Que não vive!
Que morre a cada dia!
Que não faz a sua história!
E você meu caro!!!

É livre?
Talvez todos vocês riam com isso,
Ou ainda resmunguem de raiva.
Mas eu só quero saber,
É livre?
De toda repressão antes vivida.
É livre?
De todo ar poluído por você.
É livre?
Para pensar o que você não pensa.

Quem é você?
Já parou para imaginar toda essa melancolia?
Homem? Mulher? Ambos?
Pode chamar-me de bêbado,
Eu não ligo!

É, mas acho que você ligaria...
Ligaria para a polícia,
Para o sanatório,
Para seu Deus!
Invocaria tudo para não ouvir isso.

Estou certo?
Não?
Tudo bem, não ligo.
Eu sou livre!
Vou voltar para minha bebida...



Vinicius Cassiolato