Baco entre todos

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Aguardo teu retorno

Mais um dia...


Descançando depois de um ano de conquistas, encontros inesperados, enfim, encontro-me no final de um ano em que voei muito alto, cruzando terraços de altos arranhacéus, driblando nuvens e constelações.
Está para se encerrar um ciclo que me elevou, deixando junto a mim bagagens empoeiradas e o gosto de Arte verdadeira, sem entretenimento ou ilusão de que está tudo bem.
Posso afirmar que perdi-me entre musas e sátiros, topei com Heróis e Deuses esquecidos... Fui acolhido e repelido...
Um ciclo que acalantou meus trabalhos e os levou para longe do meu lado, e agora roga nossa prece.
Apesar de estar degustando a sensação de gozo, do reconhecimento das linguagens artisticas que exersso, a realidade continua cruel e dolorosa. 
Acho inadmissivel que pessoa que se dizem artistas, não se atrevam a falar coisas erradas, sejam omissos, fecham os olhos para uma realidade absurda como essa. 
É, pode-se dizer que sou um ser meio revoltado com tudo, as vezes com todos.
Talvez que leia isso me entenda ou me odeie, as deixo para vocês outro fragmento de minhas viajens internas, que mescla-se com meus sentimentos e olhar para o mundo contemporâneo.



Aguardo teu retorno

à querida Darling de cada um
Olá minha querida.
A quanto tempo não te escrevo.
Estamos em dezembro de 2010!
É, mais uma virada.
Uma virada enlouquecedora.

O que fazes my Darling?
O que andas a pensar?
Na última vez que nos vimos
Tua correria seguia desenfreada.
Julgo eu que permaneces na mesma!

Eu?
Não sei.
É dezembro.
Época de se perder
em lojas e gastos.

Continuo o mesmo!
Ainda nego a televisão.
Consumo os mesmos cigarros.
Sigo amando a vida,
Admirando as estrelas,
Sendo o mesmo insano de épocas atraz.

Minha vida?
O que te dizer?
Não encontrei valores humanos ainda!
Muito menos consigo enxergar sob o véu.
Mas tento.
Realmente tento.
Não é fácil querida.

Continuam a me tratar com indiferença
Continuam sim,
Fingindo que sou um nada.
Sinto-me só as vezes.
Esquecido, esquisito.

Talves um nada
Aí lembro-me que sou eu
e reconforto-me novamente.
Sim, continuo o mesmo,
Tentando mostrar algo a alguém,
Coisas que por vezes são veladas.
Injustiças apagadas.

Escrevo poesias, peças,
Teço em palavras sensações homéricas.
Interpreto ainda,
subo no palco
interpretando sonhos e vozes,
Seres incontidos em mim.

Levo a arte aonde for
Abrindo olhos alheios...

Estou embrenhando-me na pintura,
hehe, pois é,
Mais uma linguagem,
Assim, tento mais uma vez falar
Através de suportes,
Dores, angústias humanas.

Quem sabe assim?
Não... Continuarei sendo...

É dezembro Darling,
Porém os valores são os mesmos!
Compras, guloseimas,
Falsidades máscaradas.
Folgas inumanas
apenas para manter a mão-de-obra.

Eles parecem não saber Darling,
Não saber estranhamente
simplesmente nada!

Da fome, da miséria,
da guerra oculta em suas mãos!

As estrelas brilham no cais noturno.
Por hora, em silêncio
Outrora, chorando!

O fim está próximo Darling
Eles ainda não enxergam!
Não como eu
Não como você.
Dois amantes enluarados
sob o céu outonal do passado.

No entanto, ainda assim
NÃO ENXERGAM!
Continuam a caminhar
sem entender para onde
ou ainda sobre quem caminham.

As máquinas estão a toda.
Operários seguem seu martírio,
O Bos segue seu Martini.
E eu vou seguindo meu cigarro.

É Darling
Ainda me enxortam das praças,
Todos tem medo da verdade.

Mais datas comemorativas,
Mais consumo,
Mais alimentos,
Mais fome,
Mais orgulho,
Mais Operários Construidos,
Mais presentes,
Mais morros,
Mais mortes,
Mais Gado,
Mais Mundo Admirável,
Mais VAlia...

Sabe Darling,
uma vez ouvi:
"Juntos somos fortes"
Agora penso somente em nós dois.
Imagino ainda aquele dia...
Ambos em um baile sem máscaras!

Penso ser um sonho... eu... um sonho...
Você me conhece,
sabe como eu sou nesse reino que não tem lei.
Uso palavras para tentar te...
Subo no palco para...

Porém eles se calam!

Continuam suas compras,
ainda permanecem os óculos escuros,
seguem suas vidas!

"Mais trabalho, mais riqueza"
Menos vida, mais bens...

O que eles ouvem?
Não sei Darling,
Carregam em si o dom de ocultá-los.

Sou louco minha querida.
O fim deste ciclo está próximo
Quero pensar,
Ser uma reflexão do que tornei-me.

Sinto-me só.
Desejo vê-la.
Sem sons repetitivos
Ou cercado de alienados televisivos.

Quero vê-la como eu sou
Sem máscaras
Isolado de momentos periféricos
Como um Louco.

Talves venha visitar-me!
Mas ja aviso querida
Aqui tudo é branco
Remédios vem e vão
Corredores infinitos aqui acham seu curso...

Sigo seus passos ao longe
Sigo seu olhar pelo horizonte...
Quero encontrá-la
Mas não tenho permissão!
Os abutres da soberba sabedoria proibiram-me de viver,
De ser quem eu sou.

Venha me ver...
Como eu sou...
Um louco...
Um louco com saudade...

O fim está próximo Darling.
Te Aguardo.
 
Vinicius Cassiolato
2/12/10

6 comentários:

  1. Foi estranho ver isso no natal...
    mas, é interessante e eu gostei!

    "E eu vou seguindo meu cigarro..."

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  2. Amore, as vezes acho seus poemas demasiado deprimentes... mas lendo sem um olhar romântico e alienado da nossa dura realidade, olhar esse que me esforço por ter para não deixar de viver, eu consigo ver além do que me incomoda E sentir o por que me incomoda. Esse incomodo se dá justamente por ser tudo VERDADE! Por isso as vezes te odeio por me lembrar o quão vaga são nossas relações cotidianas, por me lembrar o quão supérfluos são nossos valores, o quão profundas são nossas dores... Mas, mesmo assim meu amor, eu Te Amo!
    Acredito no que diz, e o reconheço como um grande poeta contemporâneo!
    Me orgulho de tê-lo como meu irmão! bjus
    Mari Amarantes

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  3. Como sempre só enxergamos o que queremos, e temos de ver SIM como o mundo está hoje, mas também devemos fazer algo para que ele melhore! E eu sei que fazes! És uma pessoa importante, na vida de cada um que passa, podes ter certeza disso... E principalmente com teu trabalho... Ele sim, tenho certeza que planta uma sementinha de um pensamento antes inexistente na vida das pessoas... Continue seguindo por este caminho, pois tenho que te dizer que está no certo... Tenho saudades das nossas conversas, poemas juntos e pensamentos... Bom Ano Novo! :)
    Te adoro ainda e sempre!!
    Beijos,
    F. Magnoler

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  4. Oi menino, parabéns pelo blog está lindo.
    é essa é a tragetoria do aartista buscando encontra em meio acorreria da vida um verdadeiro sentido,em épocca de festa é que fica mas evidente como somos futes e vazios melor seria que não se festejase nada pois não se tem motivos sinceros pra isso.seus poemas são como um remedio ruim que precisamos tomar pra que sejamso curados de toda essa insanidade social,obrigado e parabéns

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  5. Nossa que profundo...
    Parabéns pelo texto, dramático como devemos ser...rs
    BjoO adoro vc querido!

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  6. Fala Vinícius!
    Muito legal seu blog, principalmente pelas obras de qualidade.
    Abraço, sucesso, feliz 2011, aguardo sua visita!

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