Baco entre todos

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Normalidade

Normalidade

Com carinho, aos normais

O cinzeiro cheio!
Cinzas e bitucas traçam seu labirinto cotidiano!


No céu, uma lua brilha vagamente.
Nuvens estranhas trazem formas esquecidas.

Em seu olhar,
A mulher deleita-se sob a Majestade Enluarada.
A noite o abraça tentando amá-lo!
Tudo em vão,
Cigarros, mulheres, delírios...
Fugas insanas...
Tentando remontar uma história perdida!

Em sua mente
Força a única afirmação válida:
“SOU NORMAL”
“SOU UM HOMEM NORMAL”

Em sua cama
Repousaram diferentes corpos femininos.
Seres que tentou amar!
Ele tentou!
Tenta ainda...
Porem permanece desconhecido a si mesmo.

Dentro de si, chora...
Mas a afirmação carrasca continua latejando.
Concentra-se para não pensar no que considera errado.
Ele é um homem normal.
Com sonhos, dúvidas, receios,
Músculos!

Com porte de atleta,
Uma carreira promissora,
Com uma família tradicional.
“EU SOU NORMAL”
Reprimi desejos inconscientes...

Quantos foram os olhares?
Os arrepios? As tentações?
Dentro de sua cabeça
Vaga pecados e repressões.
Pai severo. Arcaico.
Mãe beata. Tradicional.
E ele?

Busca ainda o casamento,
Porém, seu peito grita em contradição!
Namoradas, amantes, academia.
Fortaleza em pessoa.
Mas que pessoa?
Sente-se vazio. Estranho.

Não demonstra sua sensibilidade...
Sua delicadeza...
Exibe apenas sua Masculinidade!

“EU SOU NORMAL! NÃO POSSO SER DIFERENTE”

Frases torturantes rondam seu espírito.
Quem ele é no fim das contas?
Por que tanto?
Treina junto ao seu cachorro.
Atrai as mais belas jovens.
Exercita seus músculos.

E quem é ele?
Quem é ele para ir contra?
E quem é ele para não se aceitar?
Por mais que force
Seus olhos acabam traindo seu ser!
No fim, seus sentidos acabam seguindo seus desejos.

Confusões repousam sobre seu corpo.
Mulheres sensuais?
São simplesmente humanas...
Mas seus olhos buscam seus páreas!
Algo nele sabe o que o completa.
Sabe o que lhe atrai.
Nega, continua a forçar algo impossível!

Apesar de todo seu porte,
Ele teme... Teme...
Sua família, sua sociedade,
Seus amigos...
Seus desejos!
Teme acabar por entregar-se às vontades.

“NÃO SOU ASSIM. EU SOU NORMAL”

Mulheres, academia,
Passeio com o cachorro de raça,
A busca por uma afirmação de masculinidade,
A busca por uma família.

Ele precisa, talvez...
Realizar o desejo da mãe.
Não decepcionar o pai.
Provar para si mesmo...
O quanto Ele é Homem!
O quanto Ele pega todas!
O quanto Ele é garanhão!
O quanto Ele Não é Gay!

“EU SOU NORMAL”

E apesar de tudo, todas as tempestades sangrentas,
Tantas provas para si mesmo,
Ele se esquece de ouvir o seu intimo.
Lá dentro dele,
Em algum lugar abandonado,
Ele chora. Pede socorro!
E também diz:

“Eu sou normal...”

Ele esquece que seu desejo é normal.
Amar é normal.
Ele esquece que é ser humano.
Esquece que nunca conseguira ser o que ele não é!
Esqueceu o como fazer
Como fazer para ser único!
Esqueceu que ninguém é normal!
Esqueceu de ser...
E continua a caminhar!
Respirando difícil,
Negando sua essência,
Fingindo não amar outros homens.

Ele fecha os olhos
E sente um abraço forte,
A barba roçando sua nuca,
Seus pêlos eriçando um por um,
Lábios compartilhando o mesmo instante,
Mãos procurando completar-se!

E quando torna a abrir os olhos,
Afasta seus pensamentos pecaminosos...

“EU SOU NORMAL”...

Vinicius Cassiolato

ACESSEM:.

2 comentários:

  1. goostei *--------------*

    ResponderExcluir
  2. Aquele que nada teme...
    Pior que a pressão das pessoas sobre nós
    é a pressão de nós mesmos...

    Muito bom post!
    parabéns! =)

    ResponderExcluir