Baco entre todos

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Caminho estrada a fora


Caminho estrada afora


Caminho estrada afora,
Encontrando-me a cada esquina!
Pedindo alimento à família reunida,
Vendendo passe na Rodoviária.
Bebendo um café as 7:00 da matina,
Deitado em bancos.
Correndo atrás dos atrasos,
Sentado ao sol!
Andando pelos desertos de pedra,
Degustando o ar poluído!

Encontro-me entre mares e vales,
Mergulhando em Rios,
Passeando pelas matas,
Cavalgando entre boiadas,
Construindo moradas de sapê!
Esperando carona,
Mirando a calmaria das águas,
Pisando em poças de lama,
Pedalando a Roda da Fortuna!
Tirando cartas!
Jogando Búzios!

Deparo-me comigo em todos os cantos:
Cantando junto com os pássaros,
Voando junto às nuvens,
Comendo igual aos pandas!
Cuidando dos meus filhotes,
Admirando o colorido de uma borboleta,
Morrendo por fome!
Estranhando o mundo!

Percorro meu caminho pelo mundo
Levando mochila e vida!
Passo por cidades e Rodovias,
Subo em balsas e Cruzeiros!
Caminho pelo mundo,
E vejo quantos de mim estão espalhados!
Quantos estão divididos!
Quantos não sabem que descendem do divino!
Caminho pelas linhas dessa pagina
E ainda não sei qual será o desfecho!
Apenas continuo a caminhar...
Sempre enfrente,
Seja acompanhado ou solitário,
Mas caminho!

Encontro-me a cada esquina!
A cada cigarro aceso
A cada matilha ou bando!
Encontro-me em meio as fumaça verde ou cinza!

Vejo-me em todos
Brancos ou Azuis
Amarelos ou Mulatos.
Sendo de calça ou de saia.
No entanto
Ainda continuo a caminhar!
Venjo-me no senhor bebendo sua coca-cola
No filho sendo amamentado
Na mãe que teve seu aborto espontâneo
Nas horas que não passam.

Vivo a caminhar sempre pelo mundo!
Pelas Ruas, pelos Rios
Pelos Ares, pela Mãe-Terra!
Sou aquele que esta agachado
E também aquele que pede uma moeda!
Sou a criança na janela do ônibus
Sou o motorista que queria estar com a esposa
E sou aquela que espera ter um marido!
Eu também sou o marido que aguarda o nascimento do filho!
Sinto que sou o estéril
E ainda sou o viril!
Encontro-me no doente convalescente
E também naquele que esta ao seu lado!

Vejo-me naquele que perdeu o ônibus,
E nos que andam descalços.
Sou uma mãe acalentando um filho,
E aquele filho espancado!
Trombei comigo
Naquele bêbado jogado depois de maltratado
Naquela prostituta tatuada,
E ainda no pai amando seu filho,
E no filho que matou seu pai!

Cruzei comigo correndo atravessando a Rua
Sendo quase atropelado
Pelo cansaço e esgotamento enquanto dirigia.
Caminho pelo mundo
Encontrando-me em cada esquina!


Vinicius Cassiolato

Um comentário:

  1. Vinicius, que bonito!!!Gosto muito do "...deparo-me comigo em todos os cantos". Que tal aproveitar a semana da saúde e divulgar ? Seria o máximo!


    Cidinha

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