Baco entre todos

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Sina dos esquecidos

Sina dos esquecidos

Aos alunos insanos


O som do vento bailando pela água...
Meses a fio
Reza
Labuta... Esfregar!
O sol arrancando a pele de suas costas.
Esfregando sem cessar.
Mastro, corda, chão!

O barco a deriva,
Meses. Meses... MESES!
Lavando a proa,
Lavando um aos outros,
Esfregando...
Neuroses?!

Ao som das gaivotas livres!
Voando além – infinito!
Além, enfrente, a deriva...
Sem nuvens, sem chuva
Trabalho
Sem conhecer o capitão.

Meses além, meses a fio,
Meses infinitos...
Uns aos outros.
Viajam sob águas, sem lembrar como é a terra.

Donos do Mar.
Donos, Senhores
Exilados sob o sol.
Exilados!

Ilusões sobre as águas,
Miragens de coqueiros e praias,
Maldições lançadas aos 4 ventos.
Vagando.
Trabalhando sem parar.

O sol. O Sol. O SOL.
Trabalhando
Lavando, esfregando,
Subindo entre velas,
Sobrevivendo entre rações e gotas d água!

Exilados
Uns aos outros
Vagando
A deriva
Além.

Livres amaldiçoados,
Sem conhecer o capitão,
Rogando a Deuses inexistentes!        
(Deuses surdos e cegos)

Trabalhando dentro do inferno.
Infinitamente.
Desgastados juntos com os ratos.
Sem dormir.
Grudados com suores ensangüentados.

Todos, ali presentes,
Expandindo a loucura além de suas mentes
E infectando outros com insanidades.

Meses. MESes. MESES!
A fio.
A deriva
Apagando cada tocha de energia
Desacreditados!
Sem passados ou variações.

Eternos. Queimando entre a água e o céu.
Procurando entre o nada
Um motivo,
Uns aos outros.
Uns desconhecidos aos outros!

Já não se lembram de quando se conheceram!
Já não se lembram de histórias!
Vagam, eternamente vagam,
Introvertidos em loucuras e trabalhos!

Miragens estranhas confundem sua realidade escaldante.
Em que realidade se isolaram?
Em que momento viveram?
Meses. Trabalho. Mar.

Esfregando chão e proa,
Dias ficaram perdidos em suas memórias.
Sem folga,
Sem rumo,
Sem perdição,
Sem terra,
Sem fuga,
Sem crença!...

Esqueceram-se dos Deuses,
Assim como foram esquecidos pelos mesmos!
...Dia, noite...
......Noite, Dia......
.........Dia, Noite.........
Ambos confundem-se,
Ambos reinam
Por cima e dentro dessas águas negras.

Seres livres
Livremente presos dentro de suas mentes.
Abandonados pela existência.
Sem tempestades,
Apenas o som ensurdecedor das gaivotas malditas,
Apenas o brilho abrasivo do sol, das estrelas,
Apenas o agora.

Vagam, vagam eternamente sem descanso...

E assim continuarão!
Assim permanecerão!
Assim não se lembrarão!
Assim foi a Sentença Divina!
Assim os Deuses os castigaram!

E assim o pós-morte os acolheu!
Vagando, trabalhando!
Sem descanso,
Sem sanidade,
Sem vida,
Sem o final da jornada!

Vinicius Cassiolato
20/10/09



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